Espiritismo na Revista de História da Biblioteca Nacional

Loucura coletiva?

No início do século XX, médicos e psiquiatras encaravam o espiritismo como uma doença mental contagiosa a ser banida da sociedade

Artur Cesar Isaia

Espiritismo e psiquiatria viviam momentos semelhantes no início do século XX: ambos buscavam aceitação social, guiados pelo mesmo ideal moderno – o elogio da racionalidade.
Mas não demorou para que entrassem em choque frontal. Afinal, à luz da ciência médica da época, manifestações mediúnicas eram sinônimo de atraso, uma afronta à civilização.
Para os médicos formados na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro não havia dúvida: o espiritismo era uma patologia. Preocupados em detectar os focos de doenças físicas e mentais, esses cientistas não tardaram em apontar aquela “superstição” como algo extremamente contagioso, capaz de inutilizar grandes contingentes humanos para o trabalho. Precisava, portanto, ser reprimida pelas autoridades e erradicada por meio de intensas campanhas de saúde pública. (...)

Kardec nos trópicos

Mesmo tachado de crime ou loucura, o espiritismo conquistou ricos e pobres para tornar-se uma das principais religiões do Brasil

Emerson Giumbelli

Um indivíduo comum, sem qualquer conhecimento de medicina, recebe pessoas doentes, diagnostica seus males e prescreve medicamentos. Não o faz por conta própria: alega agir como intercessor do espírito de um médico. Trata-se de um “médium receitista”.
Cenas como esta eram quase desconhecidas no Brasil da década de 1870, e começavam a ser noticiadas com grande espanto pelos jornais. Além da prática “receitista”, que normalmente indicava aos pacientes remédios homeopáticos, vinham ao conhecimento do público outras técnicas terapêuticas não-ortodoxas, como a dos “médiuns curadores” – que faziam algo semelhante aos “passes” dos atuais centros espíritas – e a chamada “desobsessão”, que curava a loucura causada pela intervenção de um espírito mal-intencionado.
Os desinformados julgavam estar diante de uma nova roupagem do velho curandeirismo. Para os adeptos da prática, porém, o que experimentavam era uma demonstração poderosa da existência de entidades espirituais e de sua intervenção no mundo material.
Surgido na França em 1857 – quando Allan Kardec sistematiza a doutrina em seu O livro dos espíritos –, o espiritismo cruzou o oceano com surpreendente rapidez. As primeiras notícias da formação de grupos espíritas no Brasil são da década de 1860. Na mesma época, ocorrem as primeiras traduções das obras de Kardec, providenciadas pelo médico Joaquim Carlos Travassos (1839-1915). (...)

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Fonte : www.revistadehistoria.com.br/v2/home/

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