CARNAVAL

Plenamente cientes de que a encarnação
na Terra não é uma colônia de férias mas um estágio de aprendizado
e crescimento espiritual, os Espíritos
Superiores, em diversas oportunidades,
têm revelado a real face do carnaval.
Mostram eles que, apesar de ser uma festa
popular, presente ainda, embora de forma
declinante, na cultura brasileira, o carnaval,
nem por isso, deixa de ser um poderoso
gerador de energias deletérias, capazes de
contaminar até mesmo os que nele tomam
parte sem sentido outro que não o da simples
diversão. Os Espíritos amigos mostram
também como os dias de Momo atraem, das
regiões mais obscuras do mundo espiritual,
entidades enfermas, vinculadas à sexolatria
e a diversos outros tipos de desequilíbrio,
as quais vêm à Terra na ânsia de vampirizar
os que se deixam envolver por suas sugestões
inferiores.

Entre algumas dessas mensagens amigas
vale destacar aqui, como exemplo, uma
de Emmanuel, psicografada por Chico
Xavier em julho de 1939, publicada na revista
“Reformador”, da Federação Espírita
Brasileira, de fevereiro de 1987:

“Nenhum espírito equilibrado em face
do bom-senso, que deve presidir a existência
das criaturas, pode fazer a apologia
da loucura generalizada que adormece as
consciências nas festas carnavalescas.

É lamentável que, na época atual,
quando os conhecimentos novos felicitam
a mentalidade humana, fornecendo-lhe a
chave maravilhosa dos seus elevados destinos,
descerrando-lhe as belezas e os
objetivos sagrados da Vida, se verifiquem
excessos dessa natureza entre as sociedades
que se pavoneiam com o título de
civilização. Enquanto os trabalhos e as
dores abençoadas, geralmente incompreendidos pelos homens, lhes burilam o
caráter e os sentimentos, prodigalizandolhes
os benefícios inapreciáveis do progresso
espiritual, a licenciosidade desses
dias prejudiciais opera, nas almas indecisas
e necessitadas do amparo moral dos outros
espíritos mais esclarecidos, a revivescência
de animalidades que só os longos
aprendizados fazem desaparecer.

Há nesses momentos de indisciplina
sentimental o largo acesso das forças da
treva nos corações e, às vezes, toda uma
existência não basta para realizar os reparos
precisos de uma hora de insânia e de
esquecimento do dever.

Enquanto há miseráveis que estendem
as mãos súplices, cheios de necessidade e
de fome, sobram as fartas contribuições
para que os salões se enfeitem e se intensifiquem
o olvido de obrigações sagradas
por parte das almas cuja evolução depende
do cumprimento austero dos deveres sociais
e divinos.

Ação altamente meritória seria a de
empregar todas as verbas consumidas em
semelhantes festejos na assistência social
aos necessitados de pão e de carinho.

Ao lado dos mascarados da pseudoalegria,
passam os leprosos, os cegos, as
crianças abandonadas, as mães aflitas e
sofredoras. Por que protelar essa ação
necessária das forças conjuntas dos que
se preocupam com os problemas nobres
da vida, a fim de que se transforme o
supérfluo na migalha abençoada de pão e
de carinho que será a esperança dos que
choram e sofrem?

Que os nossos irmãos espíritas compreendam
semelhantes objetivos de nossas
despretensiosas opiniões, colaborando
conosco, dentro das suas possibilidades,
para que possamos reconstruir e
reedificar os costumes para o bem de todas
as almas.

É incontestável que a sociedade pode,
com o seu livre-arbítrio coletivo, exibir
superfluidades e luxos nababescos, mas,
enquanto houver um mendigo abandonado
junto de seu fastígio e de sua grandeza,
ela só poderá fornecer com isso um elo-
quente atestado de sua miséria moral.”

Fonte : Boletim SEI nº2174

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